terça-feira, 22 de dezembro de 2015

A Desfolha, por Carlos Tramujas.


A desfolha, por Carlos Tramujas.
Hoje irei publicar uma entrevista gentilmente cedida pelos autores, dois “monstros” do bonsai Nacional: Carlos Tramujas e Elio Nowacki!.
Esta matéria saiu na APB - Associação Paranaense de Bonsai, feita pelo então presidente dela: Elio como entrevistador e Tramujas como o entrevistado.
Sem dúvida, uma das melhores na minha opinião não só no assunto que aprimora o desenvolvimento de nossas plantas mas por deterem bom nível de conhecimento. Através da mesma, conseguimos entrar um pouco mais na lógica do comportamento da planta e entender mais um pouco do seu funcionamento.
Agradeço por permitirem a exposição deste grande conteúdo em nosso humilde blog.
Abraços,
João Pinheiro.
APB: A desfolha é um dos assuntos que gera informações controversas. Você acha que este assunto merece uma melhor atenção por parte dos bonsaístas? 


Carlos Tramujas: Acho importante num primeiro momento definir o termo “desfolha”, que nada mais é do que a retirada das folhas de uma árvore através de métodos mecânicos e manuais ou químicos. Este processo poderá ser total ou parcial conforme a necessidade ou o objetivo que queremos alcançar. O método manual consiste na eliminação das folhas com tesouras, pinças desfolhadoras ou até mesmo as mãos e é o método que utilizamos usualmente no cultivo do bonsai. No caso da desfolha química, utilizam-se certos produtos como, por exemplo, a própria uréia em altas concentrações. É um método para se trabalhar com um grande volume de plantas e que deverá ser aplicado sempre com muito cuidado, dependendo do produto utilizado e da espécie em questão.


A desfolha sem dúvida é uma das técnicas utilizadas no bonsai que merece muita atenção. Normalmente as pessoas que estão iniciando na arte, têm um certo receio em realizá-la, até por ainda não terem muita intimidade com as plantas. Para quem não está familiarizado com o assunto, arrancar todas as folhas de uma árvore pode parecer um tanto agressivo, além de gerar dúvidas com relação à integridade da planta. Espero poder esclarecer aqui os principais pontos relacionados

APB: Quais os principais motivos que devem levar alguém a fazer desfolha? 


Carlos Tramujas: Realizamos a desfolha com as seguintes finalidades:


 – Reduzir o tamanho das folhas da árvore.
Um dos objetivos principais da desfolha é a redução do tamanho das folhas, com a finalidade de obtermos resultados mais harmônicos e proporcionais, principalmente quando trabalhamos com bonsai de pequeno e médio porte. Como normalmente a desfolha é feita no verão onde o vigor da brotação é inferior ao que ocorre na primavera, as folhas se desenvolvem naturalmente menores. Após alguns anos consecutivos utilizando o método da desfolha é possível conseguirmos folhas com um tamanho até vinte vezes inferior ao tamanho das folhas de plantas cultivadas no campo, por exemplo.


– Aumentar a ramificação dos galhos.
O aumento da ramificação dos galhos é resultado do estimulo das gemas dormentes e que estão presentes nas axilas das folhas. Quando retiramos as folhas, estimulamos diretamente o desenvolvimento destas gemas e muitas delas se transformam em novos e pequenos galhos. Para aumentar a probabilidade destas gemas dormentes se desenvolverem, devemos eliminar a extremidade do galho que foi desfolhado, pois desta forma inibiremos o seu crescimento apical, estimulando o desenvolvimento dos brotos localizados na parte interior. Do contrário, se não eliminamos a ponta do broto ou do galho, a força de crescimento irá para sua extremidade fazendo com que cresça em extensão, desenvolvendo desta forma, folhas ainda maiores o que inibirá a brotação na parte interna. Devemos lembrar que quanto maior a ramificação secundária e terciária da árvore, maior será a tendência desta planta em produzir folhas menores. 


– Estimular o crescimento de certas regiões da planta, inibindo o desenvolvimento de outras.
Utilizamos também a desfolha para favorecer o crescimento em algumas zonas da planta, restringindo ao mesmo tempo o crescimento em outras partes, para desta forma equilibrarmos o desenvolvimento da planta como um todo. Se por exemplo, queremos engrossar um galho de um Acer, quando realizamos a desfolha, eliminamos as folhas de toda a planta, menos do galho que queremos engrossar, desta forma, esta região da planta continuará crescendo continuamente, enquanto o resto da planta, ficará com o crescimento parado, até que se inicie a nova brotação. É muito comum utilizarmos este tipo de desfolha quando queremos corrigir o diâmetro do ápice, quando este é demasiado fino em relação ao restante do tronco.


– Troca das folhas em árvores de folhas perenes, eliminando as folhas velhas, danificadas, e com o aspecto feio.
A desfolha neste caso serve para melhorar a estética da árvore, e é utilizada no caso de árvores com folhas perenes, ou seja, que não perdem as folhas no outono. Os ficus em geral são um bom exemplo, já que não perdem as folhas e normalmente no final do inverno, estas, apresentam um aspecto feito e amarelado. Nestes casos, é muito conveniente trocarmos as folhas todas da árvore, para obtermos uma folhagem nova.  


– Acentuar a coloração outonal em árvores de folhas caducas.
Um dos motivos pelo qual desfolhamos as árvores de folhas caducas é para acentuar a coloração outonal, assim como para garantir uma permanência maior das folhas na planta. Se mantivermos as folhas do crescimento primaveril, muitas vezes ao passar pelo verão as folhas ficam levemente queimadas e quando chegam no outono, elas secam parcialmente ao invés de assumirem a coloração outonal. Do contrario, se fazemos a desfolha no verão, as folhas chegam no outono, muito mais bonitas e vigorosas, tendo mais condições de assimilarem os açucares necessários para a mudança de cor.  


– Realizar aramações durante o verão com a finalidade de refinar a estrutura da árvore.
Quando desfolhamos as árvores no verão, podemos aramar sem problemas, primeiro porque a ausência total de folhas facilita muito a colocação do arame principalmente sem danificar brotos jovens e gemas e segundo porque o crescimento a partir da nova brotação que muitas vezes ocorrerá no final do verão, já não é tão intensa, o que propiciará que o arame fique muitas vezes até o final do inverno.

APB: Sabemos que muitas espécies não aceitam a desfolha. Poderia nos exemplificar? E porquê?


Carlos Tramujas: Existem duas situações básicas em que não realizamos a desfolha, a primeira delas é quando a espécie não necessita, ou seja, já apresentam folhas com um tamanho bastante reduzido, como é o caso da Serissa, do Cotoneaster, ou da Lonicera. Nestes casos a aplicação desta técnica é inviável, primeiro pelo trabalho exaustivo e depois pelo pequeno resultado obtido. A segunda situação está relacionada com a dificuldade que algumas espécies apresentam em brotarem após a eliminação total das folhas. Como experiência pessoal posso comentar que, sem dúvida, podemos aplicar esta técnica na grande maioria das árvores que são trabalhadas como bonsai, principalmente se aplicamos a técnica de uma maneira correta e respeitando sempre a integridade da árvore.


Ao longo dos meus anos dedicados à arte do bonsai, posso dizer que já desfolhei quase todas as espécies que passaram pelas minhas mãos, com resultados bastante satisfatórios. Não posso deixar de comentar sobre as espécies de coníferas em geral, como o caso dos Juniperus, Pinus e Chamaecyparis entre tantas outras, que não aceitam a aplicação da desfolha, com o risco de perdermos a planta. Por outro lado, a grande maioria das caducifólias suporta bem esta técnica, com poucas exceções, como é o caso do Ginkgo biloba,  que apresenta uma brotação falha após a aplicação da técnica. Mesmo noAcer palmatum atropurpureum, por exemplo, que é freqüentemente citado na literatura como uma espécie que não tolera a  desfolha,  pela  dificuldade  que   apresenta  em desenvolver suas gemas dormentes, tenho aplicado a desfolha com muito sucesso.

Já as pitangas, jabuticabas, e outras mirtáceas toleram perfeitamente a aplicação desta técnica. A conclusão a que chegamos com relação a esta técnica é que a medida em que adquirimos mais experiência dentro da arte e desejamos cultivar bonsai com mais intensidade, a desfolha se torna indispensável.

APB: No caso das caducifólias, devemos fazer a desfolha se elas por si próprias não se desfolharem na época propícia? 


Carlos Tramujas: Este já é outro caso. Como comentei anteriormente, podemos ter como referência de melhor época para realizarmos a desfolha, meados do verão, ou seja, Janeiro e Fevereiro, pois nesta época as árvores têm reservas suficientes para brotarem, mas não com o mesmo vigor da primavera. Na realidade quando fazemos a desfolha no verão, induzimos a planta a pensar que está diante de uma nova primavera. No caso da sua pergunta em específico, realizaremos a desfolha, só que na época de perda normal das folhas, ou seja, na entrada ou entre o outono. Isto se faz necessário quando cultivamos árvores caducas em regiões onde o inverno não é rigoroso o suficiente para fazer as plantas entrarem em dormência. Em alguns casos as árvores cultivadas nestas condições perdem apenas parte das folhas, e o restante deve ser eliminado manualmente. Este processo ajuda um pouco na adaptação da árvore, mas sem as horas de frio suficientes, dificilmente esta planta se desenvolverá em sua plenitude, como, por exemplo, apresentando as bonitas colorações outonais.

APB: E a desfolha parcial para incentivar a brotação. Poderia nos esclarecer? 


Carlos Tramujas: A desfolha parcial já foi comentada anteriormente, e é uma das maneiras de estabelecermos um equilíbrio na harmonia entre todas as zonas da árvore. Podemos utilizá-la para engrossar um primeiro galho, por exemplo, deixando-o crescer a medida em que desfolhamos o restante da planta, ou mesmo para engrossar o ápice no caso de uma poda radical com a substituição do líder. O importante a entendermos no caso da desfolha parcial, é que o elemento da planta que continuar com folhas, seja o galho, o ápice ou mesmo um pequeno broto, ele será privilegiado em crescimento, em relação ao restante dos elementos que formam a estrutura da árvore e que foram desfolhados.


Quando falamos em desfolha parcial total da planta, nos referimos na eliminação de uma certa porcentagem da massa verde, para facilitarmos a ventilação e a entrada do sol, como no caso das Bougainvilleas (Primaveras) que brotam com muito vigor, formando massas de folhas demasiadamente densas e compactadas. É importante nestes casos eliminarmos as folhas velhas e grandes e tentarmos fazer com que a copa da árvore respire melhor. Desta forma também prevenimos que os pequenos brotos situados no interior da árvore não  sequem por falta de luz. Esta operação é considerada mais uma limpeza do que propriamente  uma desfolha. 

APB: Mesmo considerando que nosso país tem dimensões continentais, Carlos, dá para formular uma regrinha sobre desfolha com relação às épocas?


Carlos Tramujas: Se entendermos o processo, podemos realizar a desfolha, mesmo sem olharmos para o calendário. O primeiro que devemos observar é que as folhas estejam realmente maduras, ou seja, no máximo do seu tamanho natural e desenvolvimento. O segundo ponto está em observarmos o crescimento geral da planta. O momento da desfolha é justamente entre uma fase de crescimento e outra. Isto pode parecer confuso, mas é fácil de entendermos se observamos, por exemplo, o crescimento de um Acer que começa a se desenvolver com vigor na primavera, onde os brotos podem atingir mais de um metro se deixados crescerem livres. 

Após este período de brotação intensa, a planta para de crescer por um período, como se estivesse descansando, isto ocorre normalmente no final da primavera e continua até praticamente a metade do verão, onde reinicia seu crescimento, só que desta vez com menos vigor e intensidade.

O ponto correto para realizarmos a desfolha é momentos antes da planta reiniciar esta segunda fase de crescimento. No caso do Acer e das caducifólias em geral é mais fácil identificarmos esta situação, mas com um pouco de prática passaremos também a identificar nas demais espécies. Estes “melhores momentos” é que definem a quantidade de desfolhas que podem ser realizadas durante o ano, sem estressar demasiadamente as plantas. As bougainvilleas, por exemplo, podem facilmente ser desfolhadas duas ou até três vezes ao longo do ano, principalmente em regiões com climas favoráveis e sem invernos definidos. Como regra básica para quem esta começando, a metade do verão sem dúvida, é o melhor momento. Outro conselho é que comecem apenas com uma desfolha por ano independente da planta, até conhecerem melhor as espécies com que estão trabalhando no momento.

APB: Planta debilitada ou doente, pode ser desfolhada? 


Carlos Tramujas: Este é um dos principais comentários a ser feito nesta entrevista. Não adianta de nada conhecermos as técnicas em profundidade, aplicá-las corretamente, se nossas árvores não tem condições de suportá-las. A desfolha jamais deverá ser aplicada em plantas debilitadas, fracas ou mesmo doentes, com risco de perdermos galhos inteiros e até mesmo a planta toda. A recuperação da planta após a eliminação total das folhas requer uma energia muito grande, portanto devemos antes de fazer a desfolha estarmos atentos para três pontos importantes:

O primeiro está relacionado com a adubação, pois se adubarmos a planta no momento da desfolha, existe a probabilidade das folhas novas virem ainda maiores que as anteriores. Para evitarmos esta surpresa é conveniente realizarmos a ultima adubação duas ou três semanas antes de desfolharmos, sendo que voltaremos a adubar se for necessário, somente depois do amadurecimento completo das folhas novas. 


O segundo ponto diz respeito à aplicação da desfolha na época mais adequada, principalmente em regiões com estações definidas, com é o caso do sul do Brasil. Se desfolharmos muito tarde nestas regiões, a planta não terá capacidade de brotar antes de entrar no outono e enfraquecerá bastante. 


O terceiro ponto está diretamente relacionado com os cuidados básicos após a desfolha. Não devemos esquecer que a absorção de água pelas plantas com a ausência total de folhas é muito pequena ou quase nula, portanto é conveniente também controlarmos a freqüência da rega, deixando que o substrato seque levemente entre uma rega e outra. Após a brotação, voltaremos a regar de forma normal. O excesso de água no momento da brotação também poderá aumentar significativamente o tamanho das folhas. O sol é um redutor natural do tamanho das folhas, portanto o melhor após a desfolha é colocarmos a planta a pleno sol, se por acaso for uma espécie mais sensível, deveremos protegê-la apenas nas horas mais quentes do dia. Plantas cultivadas em ambientes sombreados têm naturalmente as folhas maiores do que aquelas cultivadas a pleno sol. Se por acaso temos uma planta doente ou debilitada, deveremos sempre em primeiro lugar recuperar esta planta, antes de aplicarmos qualquer tipo de técnica de poda ou de modelagem.


APB: Cronologicamente, desfolha, aramação, poda de raízes e transplante podem ser feitos num mesmo momento? 


Carlos Tramujas: Podem em algumas espécies, desde que sejam previamente preparadas para agüentar isso tudo de uma só vez. Como a maioria das desfolhas são realizadas em pleno verão, este sem dúvida não seria o melhor momento para transplantarmos, mas o que podemos fazer sem dúvida é passar um bom arame. As espécies de Ficus em geral toleram a aplicação destas operações simultaneamente. Na Espanha, onde trabalhei, os Ficus eram desfolhados, aramados e transplantados de uma só vez e durante o pleno verão. Os motivos principais são, que a brotação da primavera como é mais intensa resultava em brotações muito vigorosas e, portanto com folhas muito grandes.
Outra coisa é que ajudava também a aliviar um pouco o excesso de tarefas com as demais espécies na entrada da primavera. As técnicas de desfolha e aramação quase sempre devem caminhar juntas, uma complementando a outra. 

APB: Carlos, muito se fala em desfolha manual ou cortando a folha com tesoura preservando o pecíolo. Poderia nos esclarecer esse assunto? 


Carlos Tramujas: A desfolha com a pinça desfolhadora ou mesmo com a tesoura é muito trabalhosa, principalmente em árvores grandes e frondosas e muitas vezes durante o processo dá vontade de arrancarmos as folhas com as mãos para terminarmos de uma vez.

Antes de comentarmos sobre plantas específicas, devemos entender o que nos leva a optar por um método ou por outro. Sempre o método manual, arrancando as folhas com os dedos será o mais fácil e o mais rápido, mas para aplicá-lo com segurança, antes devemos observar as gemas dormentes nas axilas das folhas (ponto de inserção do pecíolo no galho) e fazermos um teste. 


Arrancamos algumas folhas isoladamente e observamos o estado em que ficou a gema dormente. Em algumas situações quando arrancamos uma folha, a gema se destaca do galho e acaba saindo junto com ela, presa ao pecíolo, em outros casos, apesar da gema permanecer no galho fica muito danificada. Um dos fatores de extrema importância que ajuda a minimizar estas dificuldades é que sempre devemos levar em conta o sentido em que arrancamos as folhas e este deverá ser sempre no sentido da extremidade do galho.OAcer palmatum é uma espécie que devemos desfolhar sempre utilizando a tesoura, pois suas gemas são muito sensíveis. A maneira correta de fazermos é cortarmos os pecíolos das folhas pela metade, sendo que depois de alguns dias, estes cairão sozinhos. 


No Acer buergerianum, por exemplo, a desfolha pode ser manual, e o que fazemos é fecharmos a mão na base do galho com uma leve pressão e puxamos em direção a sua extremidade, arrancando desta forma todas as folhas. Se por acaso não saírem todas, no final do processo repassamos galho por galho eliminando as que permaneceram, mas sempre prestando a atenção no sentido em que as arrancamos. Com os ficus em geral podemos proceder da mesma forma, assim como com as jabuticabeiras, pitangueiras, ulmus e muitas outras espécies.


APB: Bem, acho que tivemos uma verdadeira aula sobre desfolha que, com certeza, estará ajudando em muito a todos nós praticantes dessa nobre arte. Muito obrigado Carlos.


Carlos Tramujas: Gostaria de aproveitar a oportunidade para dar os parabéns ao Eduardo Campolina pela belíssima iniciativa de divulgar a arte do bonsai através desta revista digital. Espero em outros momentos poder voltar a dar a minha contribuição.

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Princípios básicos da poda estrutural.


Após a poda drástica, aquela em que praticamente só é deixado o caule, a árvore emite diversas ramificações para adensar a copa novamente. Gemas que estavam em dormência, são estimuladas, originando um novo ramo.
No Bonsai, tais ramos secundários crescem e ao atingirem o calibre almejado, novamente podamos próximo do início do ramo, obtendo harmonia de aos poucos ela ir se afinando. Compactando e estimulando novas ramificações: terciárias, quaternárias...
Tal técnica é conhecida internacionalmente como "Clip and Grow"(Poda e deixa crescer.) amplamente defendida pelo grande mestre John Naka.

 
 Árvore que exemplifica as ramificações originadas após uma poda drástica.

04/03/2016 - Ilustrando o engrossamento gradativo dos ramos com seu crescimento.
Ramificações mais grossas após a poda em outra árvore.

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Definições e nomenclatura Bonsai por Eduardo Mizuno.

Eduardo Mizuno, mestre e professor universitário de biologia, hoje aos 49 anos, representa uma respeitável geração do bonsai no Brasil que teve contato com os grandes mestres além de pertencer a uma das primeiras e mais tradicionais famílias que trouxeram a arte e a difundiu por aqui. Filho do saudoso e falecido mestre Jiro Mizuno e da sra. Junca Mizuno além de ser irmão da Cecília Mizuno, Eduardo começou muito cedo coletando inicialmente ramos podados pelo seu pai e plantando-os afim de obter suas próprias mudas a serem conduzidas.
Hoje,  a família mantém um comércio próprio de plantas e produtos da arte em São Paulo, possui o site: www.bonsaimizuno.com.br
que traz uma série de ferramentas, vasos e plantas;
Ministra cursos do mais básico ao nível mais especializado e é uma das organizadoras e expositoras da exposição de bonsais no Jd. Botânico de SP que já conta com sua 42 edição e que é de âmbito semestral.
Quando procurado por mim, o mestre Eduardo autorizou a publicação do presente material ao nosso blog. Obrigado professor, desejo em nome dos leitores, muita prosperidade e as bênçãos de Deus.
******
Os elementos estéticos de um bonsai.
A primeira lição em um curso de bonsai não deveria ser de poda nem de aramação. Deveria ser de observação.
No Japão, se diz que para fazer um bonsai, primeiro é preciso conversar com a planta, ou seja, tentar ouvir ou entender o que ela tem para oferecer.
Abaixo, listo algumas partes importantes para analisar em um bonsai e dizer se ele tem qualidade ou
não.

Nebari: É o enraizamento superficial. Devemos evitar raízes cruzando e raízes enroladas. Pode ser homogêneo, forte e radial, nos estilos eretos e vassoura. Pode ser mais forte de um lado que do outro, até em gancho, nos estilos caídos, shakan, kengai, fukinagashi. e outras formas que o combinem com o estilo do tronco e da copa.

Tachiagari: é a parte inicial do tronco, que vai do nebari até o primeiro galho. É aí que o bonsai vai apresentar toda a sua força. Bonsai de tachiagari grossos são plantas fortes e seculares. Bonsai de tachiagari sinuosos, já sofreram muito nessa vida.

Edajun: é a sequência dos galhos, a partir do primeiro galho (ichi-no-eda). Nos estilos mais formais e eretos, os galhos mais baixos devem ser mais grossos, mais longos e mais espaçados em relação aos galhos de cima (quanto mais altos, mais finos, curtos e próximos entre si). É importante lembrar de manter galhos atrás, para dar profundidade e evitar galhos frontais na parte de baixo.


Kikieda: É o galho "forte" da planta. Muitas vezes é o primeiro (ichi-no-eda), mas não obrigatoriamente. É o ponto focal principal entre os galhos, aquele que chama mais a atenção.
Primeiro galho no estilo semi cascata. Note o vigor e a forma decisiva deste no conjunto.

Kokejun: É o afilamento do tronco, que no Brasil ficou sendo conhecido por conicidade. Um tronco não deve ter a mesma grossura em toda a sua extensão, nem ser mais grosso em cima do que em baixo (conicidade invertida)

Triangulação: excetuando alguns estilos, em geral as copas apresentam a parte mais alta mais estreita em relação à parte de baixo. Não é para formar um triângulo perfeito, apenas dar uma noção
de triangulação.

Atama: a cabeça da planta, região da ponteira, é a região mais difícil de definir no bonsai. Existem várias técnicas, para diferentes espécies e estilos. Em geral, eu faço a ponteira como uma miniatura do resto da copa, ou seja, definindo raminhos cada vez menores.


Vaso: o vaso deve compor com a planta em formato e cor. A regra geral é: o vaso tem que ser um complemento da planta e nunca competir visualmente com ela. Existem regras teóricas sobre as dimensões do vaso em relação à planta, mas nem sempre podem ser aplicadas, principalmente em espécies tropicais. Use o bom senso. 

Antes de começar a trabalhar uma planta, observe esses aspectos e veja qual é a melhor forma a se dar para ela, como bonsai.
Metade dessas informações adquiri de Jiro Mizuno, meu pai e primeiro mestre e o restante do grande mestre Massaru Takeshima de Londrina.


Imagens: internet.

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Livro - Guia definitivo do Bonsai.





Um material excelente! de iniciantes a mais experientes.
Um apanhado de informações verdadeiras com matérias e fotos que já encontrei na net. Reconheci neste trabalho fotos de um bonsaísta bem conceituado, mestre Valdir Hobbus.
Tem inclusive uma série de fichas técnicas com plantas clássicas bem como nativas brasileiras.
Um dos melhores livros disponíveis de forma gratuita que achei.
Caso o autor se manifeste, colocarei os créditos aqui.
Abraços!


sábado, 12 de setembro de 2015

Técnicas de Poda - cunha.

Através deste método, é possível haver uma cicatrização melhor do local, criando um resultado final de qualidade superior quando se comparado a forma tradicional.

Esta técnica vem sendo difundida pelo nosso amigo e mestre Professor João Chaddad Junior, de Piracicaba/SP com 40 anos na arte bonsai! 

Aqui temos um exemplar de mini sakura, plantada em bacia.

"Planta bruta"-08/2015
Após poda e seleção de alguns galhos.


Note que após a poda estrutural, recomendada no final do inverno, foi deixado dois troncos:
Um mais curvo que será o responsável pelo estilo final da planta com o tempo e um mais reto e vertical, que será utilizado como galho de sacrifício, ou seja, ele está lá apenas para engrossar a base da planta!




Neste último, é feito um corte em forma de cunha entre o nebari (região de raízes) e o galho de sacrifício na vista posterior da planta.
O corte é aconselhado em troncos/galhos muito grossos que serão removidos.

Finalização do trabalho.

 Depois de verificada a cicatrização daquela região após um tempo da poda, a outra "segunda metade" é removida! Isto fará com que a planta passe a cicatrizar a segunda região como fez com a primeira. Ela terá uma cicatrização melhor do que se tivesse feito a remoção completa do tronco de uma só vez.

Espero que gostem! abraços e até a próxima!



Fotos gentilmente cedidas por João Chaddad Júnior (acervo pessoal).




segunda-feira, 27 de julho de 2015

A evolução de um Pinheiro Negro pelo mestre Sérgio Siqueira.

Boa noite a todos!

O post de hoje é um verdadeiro prato cheio aos amantes do Pinheiro Negro Japonês (pinus thunbergii).

Com a permissão de um dos nomes mais tradicionais do bonsai nacional, mestre Sérgio Siqueira, de São Paulo-SP, exponho um de seus trabalhos realizados em um de seus pinheiros.
Sérgio iniciou na arte em meados dos anos 80 e teve contato com o trabalho de Marcelo Miller além de ministrar cursos com Charles White, seu amigo. Um pouco mais sobre Sérgio Siqueira..

Particularmente aprecio muito o seu trabalho, que já pude ter o prazer de ver em livros e em exposições. Além disto sua didática, humildade e seu bom humor atrai muitos admiradores. Sérgio gosta muito de difundir o conhecimento e suas técnicas.

Obrigado sensei! deixo aqui o meu abraço! Muita força em sua jornada!


***
Pinheiro Negro Japonês.
2003 - Pinheiro quando ele ganhou do mestre Kajihara.


2005.


Em 2006.


Em 2008, quando ele resolveu cortar o primeiro galho.


2010.








2013.



Em 2014.


2014 - Na exposição do ABC do Bonsai.




2015 - Antes da poda.


2015 - Após a poda.




Nebari limpo.

23/07/2015.

terça-feira, 21 de julho de 2015

V Exposição Anual de Bonsai

Saudações meus amigos na arte!
Iniciarei meu blog hoje, com muito carinho e com uma seleção de fotos de um evento no Tatuapé Garden - São Paulo/SP no ano de 2014. Espaço dedicado a cultura do Bonsai no Brasil. Espero que gostem.

Pitanga - 30 anos.

Liquidâmbar - 29 anos.

Acer Kaede - 28 anos.

Pinheiro Negro - 63 anos.

Caliandra Rosa - 25 anos.

Shimpaku - 29 anos.


Pinheiro Negro - 41 anos.

Pyracantha Laranja - 30 anos.

Ficus - 68 anos.

Adicionar legenda

Caliandra Rosa - 32 anos.
Amora - 75 anos.


Caliandra - 38 anos.


Caliandra Rosa - 53 anos.



Abraços,
João Pinheiro.